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Arq Moderna 2005
Blog da Turma 2005 de Arquitectura da Universidade Moderna de Setúbal

Das aulas, dos programas e da crítica

(Explicação de ordem geográfica: Porque 1) a resposta que dou se refere a um post extenso que abaixo se publicou e do qual sou alvo primeiro e 2) a minha resposta é igualmente extensa – algumas vezes é inevitável! – e merece visibilidade idêntica à da crítica, pareceu-me aceitável colocá-la como post e não como comentário.)
Não, não andava sem Internet ou distraída. Pensei que, e pela ordem natural das coisas pessoais/profissionais, o primeiro sítio onde as críticas que a mim são dirigidas deveriam ser abordadas seria a nossa sala de aula. Assim foi. Ontem a conversa pôs-se em dia e os esclarecimentos – de parte a parte – foram partilhados e gosto de pensar que os equívocos dissolveram-se e o ambiente voltou ao que queremos que seja: de respeito pela diversidade, de diálogo, de discussão e de elevação intelectual.
Também não decidi deixar aqui o meu comentário para relatar ou voltar às explicações de ontem. Os diálogos são acontecimentos irrepetíveis (acrescentaria eu: felizmente). Também não é para que os ausentes se actualizem. Quem não está, estivesse. Mas sendo este um lugar público e tendo, inclusivamente, chamado a atenção de – bem-vindos – outros, alguns assuntos importantes aqui abordados merecem a minha atenção. São eles:
1) As instituições têm falhas de comunicação interna, que não são infalíveis já sabemos. Por isso a importância de nunca menosprezar a passagem de informação entre pares, por muito insignificante que pareça;
2) Sobre pagamentos de serviços e outros assuntos próximos. Reforço o que já foi dito aqui por outro colaborador deste blog: estamos aqui para trabalhar a sério e não esperem falta de rigor lá porque o ensino é privado. Faz-se, está-se, trabalha-se, desenvolvem-se capacidades, crescemos e ajudamos a que cresçam os que estão à nossa volta... sobre isto é que se avaliam os alunos num final de semestre. Nada mais, nada menos;
3) Quem me conhece e comigo divide o espaço bissemanal das aulas sabe o que são as minhas teoria e praxis como docente: as aulas são acontecimentos divididos na responsabilidade de trabalhar, na liberdade de pensar e transmitir aos outros o que se pensa, na maturidade de aceitar contra-propostas e saber mudar de ideias se isso se justificar. Coloco-me ao nível dos alunos nesta equipa de trabalho que formamos. Não me perco mais a qualificar o que se passa nas minhas aulas porque quem está nelas presente sabe de que falo. Quem não está, e sem ironia, está convidado a aparecer e participar nas nossas discussões. O tal programa da tal disciplina – só aparentemente – polémico foi sujeito a esta mesma lei: “o que vos parece, caríssimos?” e o que pareceu ao colectivo na altura da discussão: “muito bem, aceitamos o desafio, venha ele!”. Aqui confesso-me: posição esta que me encheu de orgulho, por saber que o caminho escolhido não é o mais fácil mas que a confiança que estes meus alunos têm em mim e neles próprios lhes dá vontade de arriscar;
4) Termino falando da(s) responsabilidade(s). Sabem os que me conhecem que peço – com muita veemência – que sejam responsáveis perante o nosso colectivo. Por isso não ter acontecido surgiu a nuvem que pairou por cima da semana das praxes. Por isso ter vindo ao de cima também se dissolveu a dita nuvem. A prática de uma crítica responsável é, em última análise, o que aspiro a que desenvolvamos nas aulas. Isto desenvolve-se agindo, estando e discutindo, ouvindo e parando para pensar no que se ouve. A responsabilidade é acção. Não é notícia de jornal, não se compra em diferido.

Fecho, da minha parte, esta falsa polémica. O que se constrói de equívocos não é polémico, é disfunção comunicacional. Lá (no anfiteatro 1) como cá continuo a trabalhar por estas coisas que acredito e disponível (SEMPRE!) para ser mais um lado no diálogo que nos faz estarmos vivos.