Língua Afiada 2
Olá a todos, esta semana vou tocar no tema do Aborto e muito honestamente não consigo quantificar ou até em alguns pontos, identificar o que vai mal e o que vai bem, para mim vai é uma grande confusão…
Pois é, está já marcado a data do 2º referendo sobre o aborto, 11 de Fevereiro e a pergunta é a seguinte: Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas dez primeiras semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?
Há 8 anos atrás não consegui formar opinião, e agora acho que pouco ou nada mudou, para mim é claro, porque na sociedade surgiram uma quantidade incrível de novos movimentos a favor do SIM, e o que mais me incomoda é que este tema tornou-se numa campanha muito pouco fundamentada, e a meu ver exageradamente feminista, onde o que mais querem mostrar é a perseguição que e feita ás mulheres, ás condições em que são feitos os abortos ilegais, que é um direito da mulher, bla bla bla… e tudo isto irrita-me profundamente, irrita-me a maneira simples e descomplexada de tratar um assunto, tão, mas tão, delicado e sério…
Como acho que a inclinação para o SIM é esmagadoramente superior à de 8 anos atrás, venho assim questionar essa inclinação com argumentos,
Para mim, começa pela própria pergunta que está mal, porque? Porque interrupção significa suspender, pausar, e isso é possível numa gravidez? interromper para depois continuar? Não me parece… não dessa vez…
Opção da mulher? (Delicado este ponto,) com certeza que sim, mas a palavra opção neste assunto é tão estranha… e porque não uma opção partilhada com o outro progenitor envolvido “nos trabalhos”, não seria mais justo? É certo que o corpo é da mulher, mas também é certo que foi “abençoada” com o dom da maternidade, coisa que o homem não foi… a palavra opção continua-me a soar estranha…
10 semanas? Isso são 2 meses e meio, quem é que marca a linha da vida? Então até ás 2 semanas não há problema mas ás 10 semanas e um dia já é considerado uma vida? Quem é que se julga no direito de delimitar ? toda a gente sabe que os avanços na ciência tem sido enormes e até já se sabe o sexo do “ “ ( desculpem-me, mas não sei que nome é posso dar) ás 8 semanas… incrível, não?
Estabelecimentos de saúde legalmente autorizado? Esta parte soa-me a anedota! Não é de certeza no sistema público de saúde, não tou a ver a senhora a ficar numa lista de espera de 2 anos ( sim, é esse o tempo que demora para os outros) , vai sim é para uma clínica privada, grande negócio que por ai vem, não para essas mulheres, nem para mim contribuinte…
Eu continuo na mesma, o assunto merece mais respeito, e agora numa opinião muito pessoal, acho que se “atacou” este problema pelo fim, se na lei já se autoriza o aborto quando está em risco a vida da mãe, quando são detectadas más formações no Feto ou por violação da mulher, o que é que sobra? Quanto a mim só o mau planeamento, a contracepção tardia e mais não sei… o que faltará não é uma maior educação dos jovens? É que é muito triste saber que ainda existe muito boa gente que não usa o preservativo, ou porque não gosta, ou porque pensa que uma vez não faz mal, ou porque isso é para os outros, e depois existem os outros casos, por exemplo o preservativo rompe e não fazem nada, porque tem vergonha de ir ao posto médico, tem medo dos pais (estes, provavelmente os mais “mal educados”) e pensem lá bem se isto não é o centro do problema.
Talvez seja a favor do NÃO, talvez porque tenha tido uma educação aberta nestas matérias, talvez porque por cá sejamos todos pessoas minimamente formadas para não ter problemas de usar contraceptivos, e por não termos problemas em ir ao hospital mais perto pedir ao ginecologista de serviço uma receita para a Pílula do dia seguinte, talvez por pensar que nos dias de hoje, com toda a informação a que tenho acesso, só engravida quem quer, e isso sim, é uma opção…
Talvez seria mais útil utilizar todo este esforço gerado à volta do referendo para a prevenção e educação da sociedade, e assim com certeza, chegar a um consenso…
Decidir sobre a vida não pode ser uma questão de sim ou não, ninguém tem esse direito, e não me consigo abstrair de que é realmente uma vida que se gera assim que o óvulo é fecundado. A pergunta ser ás 10 semanas ou aos 10 dia ou aos 6 meses, para mim sinceramente, é igual, a evolução será sempre a mesma e se não houver “interrupção” desta evolução natural, aos nove meses teremos uma criança que será igual a mim e a todos vós, e por isso, perdoe-me as mulheres mas o vosso direito ao corpo passa para segundo plano…
Digo NÃO também a todos os que incentivam os outros a se decidirem pelo SIM ou pelo NÃO, não se trata de uma campanha política, e revolta-me ver pins e autocolantes a puxar votos, quem faz isso devia elucidar e tirar dúvidas a quem as tem, isso é que seria o correcto.
Defendo uma votação conscienciosa, e não, que votem porque este partido é do sim ou é do não, ou porque o Goucha é favor e outro qualquer é contra.
Espero não ter ferido a susceptibilidade de ninguém com este texto e quanto ao contador desta semana, vou deixar ao vosso critério porque não tenho capacidades suficientes para quantificar o tema…
1/12/06 17:27
Em vários países o aborto é permitido, e não vou acreditar que é por isso que as pessoas desses países não se protejam para as gravidezes indesejadas. A questão não é decidida num referendo, mas sempre que um casal tem relações sexuais. Bom tema para esta semana Zé.
2/12/06 16:16
hummm..tema mais actual era dificil. Tambem acho q um referendo de SIM ou NAO para um tema delicado como este, não é o mais acertado...Porque não envestir esses esforços em campanhas de esclarecimento, em debates (mas debates a serio e nao debates "partidarios")telivisos, ... Este tema nunca pode ser um tema de "autocolantes" do sim e nao.
7/12/06 16:20
Se há temas que me metem respeito e me causam algumas dúvidas este é um deles. ABORTO:acto ou efeito de abortar;expulsão do feto antes do fim da gestação;o que nasceu prematuramente; no seu sentido figurativo significa monstruosidade.
Como mulher vejo-me um pouco presa entre as opções SIM e NÃO. Custa-me acreditar que talvez a maioria da juventude,e não só, não tome as precauções adequadas durante o acto sexual e que estes eventuais descuidos se tornem numa GRAVIDEZ indesejada. O grave é mesmo isto, desejada ou não, é gravidez.
Num pensamento rápido e sintético, a minha cruz seria colocada no SIM. Sim, porque nenhuma criança "indesejada" tem que vir suportar a irresponsabilidade dos pais.Sim, porque a mulher nessa situação, enquanto futura mãe, sabe melhor do que ninguém (e não me venham dizer que o homem decide se a mulher tem condições ou não) o que sente em relação à mudança de vida,de corpo,de mente, tudo isto repentinamente.Sim, porque um filho quando nasce é para ser FILHO e não somente mais uma boca para alimentar.
Sim a todas as questões relacionadas com mal-formações, perigos existentes para a mãe e bebé e para gravidez fruto de violações.
Mas no meio disto tudo surge uma grande dúvida...e se realmente o aborto for legal no nosso pais?Tenho medo que banalizem o assunto.Penso que os casais que até hoje têm tido a irresponsabilidade da não contracepção, irão continuar com a irresponsabilidade de "Não te preocupes, se engravidares fazes um aborto,já é legal!" e isto tornar-se-á tão banal como uma ida a um dentista.
Penso que parte da consciência de cada um e da vontade, o poder escolher o tal momento para a gravidez.Mas quando não é desejada, não tornem possivel que aconteça.A escolha é nossa.
Já dizia a minha avó:
"MAIS VALE PREVENIR DO QUE REMEDIAR"
8/12/06 11:21
Cara Cláudia, qualquer mulher que tenha passado - directa ou indirectamente - por uma experiência de IVG não imagina que tal coisa se banalize. O que sofre a mulher (e tantas vezes o homem) na tomada da decisão e na concretização da mesma não abre portas à "normalização" do acto de IVG como método contraceptivo.
Não se esqueçam que não existem métodos 100% seguros, não se esqueçam que acidentes acontecem a todos... nenhum de nós está excluído do acidente. E sexualidade consciente não é = a inevitável reprodução.
Não se esqueçam que não se está a obrigar, votando SIM, a que qualquer mulher que engravide pratique a IVG. Simplesmente se aceita e apoia quem não se encontra capaz de aceitar a gravidez. É permitir dignidade na escolha. É permitir que quem, em consciencia, escolha fazer uma IVG o faça sem os extras desnecessários dos perigos para a saúde de uma IVG clandestina ou do estigma social/familiar do segredo e da culpa. É ir contra a hipocrisia de aceitar que vai continuar acontecer diariamente - em condições miseráveis para quem não tem dinheiro para o fazer em Espanha - debaixo do pano.
Longe da vista, longe do coração?!
8/12/06 22:04
http://criticanarede.com/aborto1.html
O melhor texto sobre o assunto que eu já li... é quase imparcial, mas muito bem fundamentado. Eduquem-se...